terça-feira, 25 de maio de 2010

Filtros de luz - Brise-soleil

O brise-soleil, palavra francesa que significa quebra-sol é uma boa opção para barrar parte da incidência solar, além de transformar as fachadas das edificações - de dia, agregam textura e à noite transformam as edificações em verdadeiras caixas de luz.
O brise pode ser feito de diversos materiais, como madeira, concreto, alumínio, zinco e até mesmo o vidro, com lâminas fixas ou móveis. Segundo Vassilios Pantazis, gerente da
Refax Fachadas e Forros, nas versões móveis, o acionamento pode ser feito por controle automático ou fotocélulas.
O tamanho, o material, a posição das lâminas (horizontais ou verticais) e seu espaçamento é definido pelo ângulo de incidência dos raios solares e pela quantidade de luz que se queira barrar.
No Brasil, o primeiro projeto a utilizar o brise-soleil foi o emblemático edifício Gustavo Capanema (1936-1945), no Rio de Janeiro, projetado pelos arquitetos
Lucio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira.
Em São Paulo, sua utilização mais famosa se dá no Copan (1951-1966), projetado por Niemeyer.


Edifício Gustavo Capanema - brises protegem a fachada norte

Detalhe dos brises

Copan - brises de concreto se moldam à curvatura da edificação

Casa na praia de Juquehy, em São Sebastião, projeto de Álvaro Puntoni

Casa na praia de Juquehy, em São Sebastião, projeto de Álvaro Puntoni

Casa Schaeffer-Novelli, em São Paulo, projeto do escritório Nave Arquitetos

Casa Schaeffer-Novelli, em São Paulo, projeto do escritório Nave Arquitetos

Casa em Itu, projeto de Reinach e Mendonça

Casa em Itu, projeto de Reinach e Mendonça

Clínica de Odontologia em Orlândia, projeto do escritório MMBB

Clínica de Odontologia em Orlândia, projeto do escritório MMBB

Clínica de Odontologia em Orlândia, projeto do escritório MMBB

Agência Loducca, em São Paulo, projeto de Triptyque

Brises verticais de madeira - execução de HC Madeiras

Brise de madeira (Wood Brise) - Imagem de divulgação Hunter Douglas

Termobrise - Imagem de divulgação Hunter Douglas

Metalbrise - Imagem de divulgação Hunter Douglas

Brise utilizado como pergolado - Imagem de divulgação Hunter Douglas

Algumas empresas que trabalham com o material: Hunter Douglas, Refax, Zetaflex, Sul Metais e Novo Rumo Metalúrgica.

Fonte: Revista Construir nº 78
Fonte das imagens:
Arcoweb,
HC Madeiras, MMBB, Triptyque, Hunter Douglas

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Filtros de luz - Cobogós, elementos vazados e muxarabis

Em um país como o Brasil e em uma cidade como Ribeirão Preto, a utilização de grandes panos de vidro combinada com o excesso de sol pode acarretar alguns problemas, como o super-aquecimento dos ambientes internos, além do desbotamento de tecidos e estragos em móveis e equipamentos.
Para quem procura um meio-termo entre a parede totalmente fechada e os grandes janelões de vidro, existem alguns bons recursos que fazem a diferença na arquitetura, ao barrar parte da luminosidade e ainda criar texturas diferentes na fachada da edificação.
O cobogó é o nome dado ao elemento vazado feito em cimento, criado inicialmente em Recife, pelos engenheiros Coimbra, Boeckmann e is.
Os elementos vazados que conhecemos atualmente, mais populares, podem ser fabricados a partir de diversos materiais, como vidro, cerâmica ou ainda o cimento, com tamanhos e desenhos diferentes.


Eles são utilizados para garantir a passagem de luz, evitar ventos excessivos, conferir privacidade a ambientes muito abertos ou apenas como substitutos mais etéreos para uma parede comum.
Podem ser utilizados no lugar de paredes externas, criando uma materialidade diferente para a edificação, próxima de uma rendilhado, através de texturas variadas, que mudam ao longo do dia, conforme a incidência do sol.
Os elementos vazados conheceram seu auge durante as décadas de 40 e 50, quando foram amplamente utilizados pelos arquitetos modernistas, como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy (o conjunto Pedregulho, no Rio de Janeiro é uma verdadeira aula sobre o assunto), entre outros. Atualmente vem ganhando importância em obras de arquitetos contemporâneos.


Parque Guinle (1948-1954) no Rio de Janeiro, projeto de Lucio Costa

Casa Pinheiros (2003) em São Paulo, projeto de Isay Weinfeld

Casa Sumaré (2007) em São Paulo, projeto de Isay Weinfeld

VGP Artigos de papelaria (2006-2007) em São Paulo, projeto de NPC Arquitetura

Escola pública do FDE (2008) em Várzea paulista, projeto de Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos

Cobogó Haaz (2007) de Marcio Kogan. Vencedor do prêmio IAB/SP 2008 na categoria design de objeto

Desenvolvido para a empresa Haaz, da Turquia, o cobogó é feito de mármore

O conceito do elemento vazado ou cobogó se relaciona com a idéia dos antigos muxarabis, um recurso da arquitetura árabe que emprega treliças de madeira que permitem a ventilação e iluminação, mas mantém a privacidade dos espaços interiores, permitindo a visão do exterior por quem está dentro, mas não o contrário.
Por aqui, o muxarabi foi muito utilizado na arquitetura colonial, sendo retomado por arquitetos como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi, e mais recentemente por Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci (Brasil Arquitetura) e Marcio Kogan, entre outros.


SESC Pompéia (1982-1986) em São Paulo, projeto de Lina Bo Bardi

Casa Morumbi (1999-2001) em São Paulo, projeto do escritório Brasil Arquitetura

Casa Laranjeiras em Parati, projeto de Marcio Kogan

Casa Iporanga (2006), no Guarujá, projeto de Isay Weinfeld


Algumas empresas que trabalham com o material: Neo-Rex, Facital, Cerâmica Martins.

No próximo post continuarei neste assunto, mas mostrando um pouco sobre brises.


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Argamassa de assentamento para alvenaria

As argamassas de assentamento são usadas para unir os blocos ou tijolos das alvenarias.
É composta por diversos materiais, sendo os mais comuns, o cimento, a cal, a areia e a água. A quantidade de cada um destes componentes é chamada de traço, e varia de acordo com a finalidade de sua aplicação.
Para a obtenção de uma argamassa de boa qualidade, deve-se levar em conta a qualidade do cimento, pois é ele o responsável pela "cola"; a areia, que deve apresentar grãos duros e ser limpa, livre de torrões de barro, galhos, folhas e raízes antes; a água, que também deve ser limpa, livre de barro, óleo, galhos, folhas e raízes e a cal, que tem a propriedade de conferir maior plasticidade à argamassa, o que é uma grande vantagem em certas aplicações.
Atualmente está sendo cada vez mais comum o uso de argamassas industrializadas, ou seja, a mistura dos componetes secos é realizada previamente e na obra acrescenta-se apenas água à mistura.

O consumo de argamassa para assentar alvenaria pode variar bastante em função da quantidade de juntas, do tipo de ferramenta utilizado, do tipo de argamassa e do tipo de bloco ou tijolo.

Algumas dicas para diminuir as perdas durante o assentamento:
Utilize blocos com medidas regulares.
Produza somente a quantidade de argamassa suficiente para um determinado período de trabalho.
Use equipamentos de transporte adequados e ferramentas para assentamento que minimizem o consumo como bisnaga, meia-cana ou tabuinha em lugar da colher de pedreiro.
Treine e oriente o operário com técnicas para racionalizar o processo.

Traços para argamassa de assentamento:
Para paredes de blocos de concreto:
1 lata de cimento
1/2 lata de cal
6 latas de areia
rendimento por saco de cimento de 50kg: 30 m².

Para paredes de tijolos de barro:
1 lata de cimento
2 latas de cal
8 latas de areia
rendimento por saco de cimento de 50kg para tijolo maciço: 10 m².
rendimento por saco de cimento de 50kg para tijolo furado: 16 m².

Para cada m³ de argamassa, são consumidos cerca de 350 a 370 litros de água limpa.

Fonte: TCPO e Revista Equipe de Obra edição 2, agosto/2006.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tijolo aparente

O tijolo maciço já foi o grande protagonista das construções no Brasil. Por muito tempo, ele reinou absoluto na construção de residências (a família do meu marido que o diga, todas as casas da família possuem as paredes de tijolos maciços aparentes, e estão todas firmes e fortes até hoje).
Atualmente, ele perdeu muito espaço para os blocos, que agilizam a construção e acabam saindo mais em conta. No entanto, ele ainda é bastante utilizado em paredes de destaque, de forma aparente (à vista como é chamado por aqui), sendo o material da própria parede ou como simples revestimento.
Os tijolos maciços possuem diferentes tonalidades e tamanhos, e suas juntas podem ser de três tipos: "cheia", onde a massa é nivelada na superfície, "frisada", onde retira-se a massa entre os tijolos, criando uma pequena profundidade entre as peças e a chamada "junta seca", onde os tijolos apóiam-se diretamente uns sobre os outros.


Tijolo com junta frisada

Tijolo com junta cheia


Tijolo refratário com junta seca utilizado como revestimento em toda a parede

Tijolo com junta cheia


O efeito de pátina pode ser conseguido com caiação - cuja fórmula leva uma lata de cal, duas de areia peneirada e meia de cimento e água. A mistura pastosa é aplicada nas juntas e depois, mais diluída, é passada sobre os tijolos com broxa, como uma tinta - ou a aplicação de uma demão de tinta latex dissolvida em água, na proporção 1:1. Depois, é só lixar e impermeabilizar.

Para quem gosta de espaços rústicos, as plaquetas maciças são uma boa opção como piso. Diferente dos tijolos para parede, possui a superfície lisa, sem relevos nas suas faces. As várias formas de assentamento criam diferentes composições, como por exemplo: assentamento tipo junta de amarração, assentamento tipo espinha de peixe, assentamento tipo dama, etc.

Tijolo utilizado como piso e revestimento


Normalmente relacionado com casas rústicas, o tijolo aparente também pode conferir modernidade dependendo da maneira como é utilizado. Na residência que projetou para seu filho, o arquiteto Eduardo de Almeida utilizou o tijolo somente como vedação, preenchendo os vãos formados pela estrutura metálica de pilares e vigas, e criando "painéis" sem interferência de outros elementos. Para isso, os vãos das portas foram deixados totalmente vazios, e ele utilizou bandeiras de madeira sobre as portas, criando um elemento que contribui para uma uma estética mais limpa, sem os recortes e as interferências de molduras, tão usuais quando pensamos no tijolo aparente.


Casa em São Paulo, projeto de Eduardo de Almeida

Outros bons exemplos:

Casa Brasília, projeto de Isay Weinfeld


Casa Suecia, projeto de Isay Weinfeld


Boa utilização de tijolo de demolição com madeira, vidro e ferro oxidado em projeto de Gianfranco Vannucchi


Casa LC em Santana Parnaíba (SP), projeto de NPC Grupo Arquitetura


SESC Araraquara (SP), projeto de Abrahão Sanovicz e Edson Elito




Biblioteca Virgilio Barco, em Bogotá, na Colômbia, projeto do arquiteto Rogelio Salmona - vale a pena conhecer o trabalho com tijolos feito por esse arquiteto


Se você pretende construir uma parede com o material, pense no efeito que mais lhe agrade e escolha peças com a tonalidade e o tamanho adequados (existem diversas opções no mercado), além de só confiar a execução à um pedreiro de qualidade.

Na hora da compra, siga estas dicas:
Peças com a marca do fabricante estampada garantem a responsabilidade sobre o produto;
Ao bater um tijolo no outro, a emissão de um som metálico demonstra resistência;
Cheque se ele não quebra ou se esfarela com facilidade;
Se o interior da peça estiver cinza, a queima não foi bem feita.

Fonte: Revista Arquitetura & Construção novembro/2002 e setembro/2004
Fonte das imagens: Portal Casa, Arcoweb, Isay Weinfeld e Arquivo pessoal