terça-feira, 30 de março de 2010

Locação da obra e execução da fundação

Após a limpeza e demarcação do terreno, o primeiro passo para locar sua obra é a criação de um gabarito de madeira que cercará todo o perímetro do terreno e determinará a posição dos pontos de fundação e as paredes da casa.
Essa locação é feita baseada em um projeto que contém as informações de localização dos pilares e da fundação, que no caso da foto abaixo, era composta de brocas e vigas baldrames. É importante destacar que para a definição do tipo de fundação é necessário consultar um profissional, que avaliará o tipo de solo e as cargas do projeto e indicará a melhor solução.


Na foto acima, o gabarito já está montado e a localização das paredes foi marcada com cal, possibilitando visualizar o tamanho dos ambientes. Não se assuste se o espaço parecer menor do que o imaginado, essa percepção é normal e é causada pela ausência das paredes e da laje, que conformam o ambiente.
Após essa marcação, iniciam-se os trabalhos de perfuração do solo para a criação das brocas, que pode ser feito manualmente ou por uma máquina chamada perfuratriz (foto acima). Com as brocas abertas, pode-se concretá-las e iniciar a abertura dos baldrames (parte da fundação em que as paredes se apoiarão) e posterior concretagem.




Um procedimento muitas vezes negligenciado, mas de extrema importância, é a impermeabilização* desta parte da fundação, prevenindo contra a umidade ascendente do solo que atinge rodapés e paredes. Essa umidade afeta o concreto e sua ferragem, a alvenaria e o revestimento, provocando o aparecimento de bolhas e o descascamento da tinta e do reboco, além de tornar o ambiente insalubre pela proliferação de mofo.
Assim, por estar em contato direto com o solo, é fundamental que a fundação seja feita com uma argamassa que contenha um "aditivo hidrofugante". Existem diversos produtos no mercado, como o Vedacit e o Denverimper 1, entre outros. Misturados à água de amassamento, estes aditivos proporcionam uma impermeabilização permanente à argamassa que recobrirá os baldrames e que assentará e revestirá as primeiras fiadas de tijolo.
Caso o terreno seja em desnível e a parede estiver em
contato com o solo, a argamassa aditivada deve ser utilizada em toda a parede.
Para uma proteção completa, é aconselhável a aplicação de uma "tinta asfáltica", como o Neutrol, ou ainda uma "manta asfáltica" sobre a argamassa de revestimento do baldrame.


* Segundo o IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização), se a impermeabilização for feita durante a obra, de forma correta, com produtos e serviços adequados, seus custos atingem, na média, 2% do valor total da obra. No entanto, se forem executados na edificação já pronta, os serviços podem envolver valores que chegam a 10% do custo total da obra, além das dores de cabeça.


Para quem se interessar, o site casa.com.br tem uma reportagem que trata especialmente do tema "Impermeabilização".

quinta-feira, 25 de março de 2010

Iniciando uma obra

Planejar o início da obra envolve diversas atividades, as quais tentarei ordenar abaixo.

Limpeza do terreno:
Contrate uma empresa para limpar o terreno e se seu terreno for plano, executar a terraplenagem (caso seu terreno e projeto exijam uma terraplenagem mais "elaborada", você pode optar por executá-la após a marcação da obra).

Pedidos de ligação de água e energia:
Para a ligação de água, é necessário a construção de um abrigo e a instalação de um cavalete com o registro, dentro das normas da concessionária local.
Para a ligação de energia, você deverá saber qual o padrão de entrada adequado para sua instalação e preencher um pedido com diversas informações sobre sua obra.
Em algumas cidades a ligação demora mais do que o previsto (ano passado, aqui em Ribeirão Preto, esperei por três meses a ligação de água para uma obra). Caso isso ocorra e não seja possível esperar por tanto tempo, converse com seu vizinho e se ele não se incomodar em emprestar, acerte a diferença de valores em sua conta no fim do mês.

Organização do canteiro de obras e construção de depósito para materiais:
Um canteiro de obras bem organizado contribui para evitar o desperdício de materiais. Para a construção do depósito escolha um local que facilite a descarga de materiais e onde ele possa permanecer até o fim da obra sem atrapalhar os trabalhos. Esta construção pode ser feita de madeira, mas o ideal é que seja feita de alvenaria de tijolos de barro, por seu baixo custo e pelo seu reaproveitamento. Na cobertura, utilize telhas de fibrocimento, que exigem menos madeiramento e também são baratas.
Não se esqueça de construir junto ao depósito, um banheiro para funcionários.

Compra e armazenamento de materiais:
Ao comprar qualquer tipo de material, certifique-se de que seja de qualidade.
Programe a entrega para não desperdiçar o material no canteiro e oriente a mão de obra quanto ao uso e ao transporte dos materiais na obra.
Para a areia e pedra, providencie um cercado de madeira para que a chuva não leve embora parte de seu dinheiro.
Quanto aos blocos, separe-os por tipo (largura, comprimento e espessura) e faça pilhas "amarradas", nunca com altura superior a 2 metros, em área plana, preferencialmente próximo ao local de transporte.
Cimento e cal não devem ficar em contato com o solo, pois a umidade pode modificar sua composição.

Os trabalhos acima fazem parte da etapa denominada "Serviços Preliminares", e correspondem a uma pequena parcela do orçamento da obra.

Para quem está pensando em começando a construir, segue uma estimativa de gastos para cada fase da obra:

Projetos e aprovação - 5 a 12%
Serviços preliminares (limpeza do terreno, terraplenagem, canteiro de obras, ligações de água e energia) - 2 a 4%
Fundação - 3 a 7%
Estrutura - 14 a 22%
Alvenaria - 2 a 5%
Cobertura - 4 a 8%
Instalação elétrica - 5 a 7%
Instalação hidráulica - 7 a 11%
Impermeabilização e isolamento térmico - 2 a 4%
Esquadrias - 4 a 10%
Revestimentos e acabamentos - 15 a 32%
Vidros - 1 a 2,5%
Pintura - 4 a 6%
Serviços complementares (limpeza da obra, etc) - 0,5 a 1%


Fonte:
Revista Arquitetura & Construção
Revista Construção do começo ao fim

sexta-feira, 19 de março de 2010

Construir com economia



Eu sei que a imagem é meio tosca, mas vamos lá...
O primeiro passo para quem inicia uma construção e pretende economizar é a elaboração de um projeto de qualidade, onde todas as informações foram discutidas e detalhadas. Neste projeto, não basta ter o desenho das paredes e a localização das portas e janelas (muita gente constroe somente com o Projeto de Prefeitura, que é um projeto pobre em informações para a obra).
Este projeto de qualidade deve ter todas as informações necessárias para a construção, por exemplo, a parede deve estar na espessura correta, que corresponda ao material que será empregado, pois uma parede de tijolo maciço terá uma espessura diferente da parede de bloquinho baiano, que por sua vez terá uma espessura diferente dependendo da maneira com que este for assentado, que por sua vez implicará em uma quantidade de peças diferentes por m², a qual deverá ser levada em consideração na hora da compra.
Ufa, complicado? Não muito, desde que tudo seja feito na hora correta, sem correria.
Vou explicar: como diz minha amiga Marcele, é muito mais fácil (e mais barato) você mudar de opinião enquanto as coisas ainda estão no papel, então procure definir o máximo ainda na etapa de projeto.
Com o projeto pronto e todos os materiais definidos, você tem o controle geral da obra, e já evita de antemão dúvidas da mão de obra, quebra-quebra e desperdício de materiais. Depois, com a listagem dos materiais, você tem tempo para cotar e comparar preços, tempo até mesmo para substituir algum material caso seja necessário, além de poder aproveitar promoções e comprar alguns materiais que não irão se deteriorar.

Isso não é segredo pra ninguém, e não está restrito ao campo da arquitetura: planejamento e economia andam juntos, e mesmo com a ocorrência de imprevistos (sim, eles acontecem mesmo) é muito importante planejar!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Conhecendo a mão de obra

Em duas das reportagens que li para escrever este post, a obra é comparada a uma orquestra, onde os músicos representam a mão de obra, a qual deve trabalhar em harmonia para alcançar o sucesso.
Comparação muito inteligente, pois da mesma forma que quando um músico falta ou se atrapalha no meio da música, logo percebemos que algo está errado pelo som "estranho", a falta de alguma das partes envolvidas na construção também altera o ritmo da obra, comprometendo todo o conjunto e alterando o resultando final.
Isso pode se refletir no não cumprimento do prazo e até mesmo aumento do custo final da construção.
Por isso, para garantir a harmonia na sua obra, conheça as funções de cada profissional e o momento correto em que devem entrar em cena.

Mestre de obras
Acompanha a obra do início ao fim, gerenciando as equipes de trabalho, orientando e coordenando todas as atividades desenvolvidas no canteiro de obras, para que tudo saia conforme o projeto e dentro dos prazos estabelecidos.

Pedreiro
Responsável pelos serviços de alvenaria, concretagem, assentamento de esquadrias, além da aplicação de revestimentos de pisos, paredes e tetos, os pedreiros participam da maior parte da obra. Formados na prática, muitos agregam diversas funções, enquanto outros se especializam em determinados serviços, como por exemplo, somente a execução da alvenaria. Não economize com esta contratação .


Servente
Cuida do transporte de materiais, preparo da argamassa, entre outros serviços, ajudando os funcionários da obra no que for preciso.


Carpinteiro
É o funcionário que corta e instala as peças de madeira da obra, como o gabarito para locação da obra, os tapumes, os andaimes, as fôrmas para a concretagem, além da executar o madeiramento do telhado. Não o confunda com o marceneiro, responsável pela esquadrias de madeira.

Armador
Responsável por cortar e dobrar o aço, montando a armadura dentro da estrutura antes da concretagem das peças. Atualmente, muitas empresas especializadas já entregam essas ferragens prontas na obra, evitando desperdícios e economizando tempo. Pesquise e compare!


Encanador
Sua função é fazer a marcação, cortes e furos em paredes e pisos, montagem das instalações de água e esgoto com diferentes tubos e conexões, instalar caixas d'água, peças sanitárias, pias, torneiras e tanques, além realizar testes de estanqueidade.
No início da obra instala o cavalete de água, retornando antes da concretagem da estrutura para deixar as "esperas", por onde passará a tubulação. Ao final da obra instala as peças de acabamento como louças e metais.

Eletricista
É o profissional responsável por toda a rede elétrica, realizando a montagem do quadro geral, a instalação das caixas para tomadas e interruptores e dos conduítes, por onde passará toda a fiação. Ao final da obra instala também as peças de acabamento das tomadas e interruptores, além das luminárias.
É importante que o eletricista e seu ajudante conheçam e respeitem cada cor de fio definida em projeto, garantindo a segurança das instalações elétricas.
Em uma construção tradicional, geralmente entram após a execução da alvenaria, onde fazem os rasgos para passagem dos conduítes e instalam as caixinhas, e antes da concretagem da laje, onde posicionam as caixas onde serão instaladas as luminárias. Caso sua construção utilize o sistema de Alvenaria Estrutural, é importante que este profissional trabalhe em conjunto com o pedreiro, pois neste sistema, as instalações são feitas junto com a subida da alvenaria, evitando o corte dos blocos, que perderiam sua resistência, comprometendo a estrutura.



Serralheiro
É o profissional que produz grades de proteção, portões, escadas, corrimãos e peitoris, além de esquadrias e coberturas sempre em estrutura de ferro, inox ou alumínio.

Gesseiro
Executa molduras, forros, adornos e nichos em gesso, podendo também trabalhar com a instalação de gesso acartonado. Atualmente seus serviços incluem também o revestimento, como uma alternativa ao reboque interno de tetos e paredes (exceto em áreas molhadas) diminuindo os custos da obra.

Pintor
Chega ao final da obra, para massear as paredes (passar uma camada de massa corrida para esconder as imperfeições), pintar os espaços e envernizar as peças de madeira.

Além do conhecimento da mão de obra, é importante seguir algumas recomendações, como buscar referências dos profissionais contratados e se possível, visitar uma obra, para conhecer a qualidade do serviço.
Um bom contrato, com a especificação do serviço, se o material está incluso ou não, valores e forma de pagamento, além das datas de início e término, também contribui para evitar problemas.

Fonte das informações:
Revista Equipe de Obra edição 13
Revista Arquitetura & Construção set.2004 p.44
Revista Construção do Começo ao fim
Revista Construir nº 78

Fonte das imagens:
Revista Equipe de Obra edições 18 e 19

segunda-feira, 8 de março de 2010

Possibilidades e escolhas


Durante a fase de projeto, são muitas as escolhas a serem tomadas, como por exemplo o número de quartos, banheiros, o tamanho das salas, da cozinha, o sistema construtivo a ser adotado, o tipo de telha, se a piscina será revestida de vinil ou azulejo, entre outros.
Para a escolha acertada, você deve contar com o conhecimento dos profissionais que estão elaborando seu projeto e se fazer algumas perguntas sobre as opções apresentadas: atende as minhas necessidades? cabe no meu orçamento? é um produto de qualidade? de fácil manutenção?
Na fase de projeto, arquitetos e engenheiros devem trabalhar em conjunto, trocando informações, e é dever de ambos orientar o cliente sobre os custos de cada etapa da construção e o quanto cada uma representa no valor total da obra, apresentando diferentes alternativas quanto aos sistemas construtivos, aos materiais de acabamento e indicando as melhores escolhas para cada situação e para cada "bolso".
A escolha prévia e consciente destes ítens é fator indispensável para o bom planejamento da obra, contribuindo para que a construção tenha o melhor custo-benefício e atenda aos seus futuros ocupantes.
Como este planejamento se inicia ainda na fase de projeto é importante que o cliente exponha suas vontades e necessidades logo no início do processo, pois somente com essas informações os profissionais poderão indicar as melhores soluções.

Por ser um assunto bastante amplo, pretendo apresentar um pouco das diferentes alternativas de sistemas construtivos e materiais e seus impactos no custo da obra em posts futuros.

segunda-feira, 1 de março de 2010

As etapas do projeto de arquitetura

Cada profissional possui sua maneira de trabalhar, mas em geral, eles seguem algumas etapas comuns, com o objetivo de encaminhar o projeto da melhor forma possível. Ao longo destas fases, as necessidades são estabelecidas e as soluções vão sendo aos poucos, materializadas em forma de desenhos e maquetes.
Não adianta ter pressa e tentar pular alguma delas, porque isso, com certeza irá atrasar o processo, com dúvidas que surgirão lá na frente.

Conheça e saiba o que esperar de cada uma destas etapas.

Estudo Preliminar
Começa com uma entrevista com o cliente e futuros usuários da edificação, visando detectar suas necessidades espaciais e preferências. Compreende visitas ao local, para averiguações de medidas, inserção urbana, vizinhos, insolação, etc. e, se necessário, visitas à Prefeitura Municipal para conhecimento da legislação local. Visa determinar a viabilidade do programa e do partido a ser adotado, através de estudos volumétricos e esquemáticos.

Anteprojeto
Solução geral do projeto com a definição clara dos ambientes e a implantação da edificação no terreno. É representado através de planta baixa mobiliada e cotada, cortes esquemáticos, fachada e volumetria, de acordo com o estudo preliminar elaborado.

Projeto legal
É o projeto apresentado para a Prefeitura, para que ela analise se estão sendo obedecidas as Leis Municipais e o Código Sanitário.
Nele deverão constar a implantação, planta dos pavimentos e da cobertura, cortes elevações e um quadro de áreas. Para dar entreda neste projeto junto à Prefeitura, são necessários outros documentos como requerimento padrão, memorial descritivo, ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), cópia da escritura e do carnê de IPTU, além do pagamento de uma taxa (DARD - Documento de Arrecadação de Receitas Diversas). Estes documentos variam de cidade para cidade e me baseei nos solicitados por aqui (Ribeirão Preto - SP).
Com o projeto aprovado, tem-se a liberação do Alvará de Construção, que permite que a obra seja iniciada.




Projeto executivo
O Projeto Executivo apresenta, definitivamente, a arquitetura da edificação, sem que haja incompatibilidades de medidas e formatos, resultantes de possíveis novos dados fornecidos pelos projetos complementares, como os projetos de Fundação, Estrutura, Elétrica, Hidráulica e Paisagismo.
Somente com ele pronto, é que a obra deve ser iniciada.



Projeto de interiores
Envolve um layout mais detalhado dos espaços, incluindo o desenho do mobiliário e de peças especiais, a escolha de tecidos, objetos e acessórios decorativos, além da especificação de luminárias e do detalhamento de gesso (sancas, forros e molduras) e piso (paginação especial).

A definição clara e cuidadosa dos trabalhos de cada etapa é o primeiro passo para a realização de um bom projeto, por isso converse com seu arquiteto sobre como ele trabalha e elaborem um contrato detalhado que contenha a especificação do serviço, com a área estimada, os prazos, valores e formas de pagamento. Esclareça o que é de responsabilidade de cada um e os serviços não inclusos, que deverão ser contratados à parte, como os projetos de estrutura e instalações.

Com tudo conversado e acertado, ninguém tem a sensação de sair lesado.
Agora é só começar. Bom projeto!

*Quem quiser maiores informações sobre o assunto pode consultar o "Manual de Escopo de Projetos e Serviços de Arquitetura e Urbanismo", elaborado pela ASBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) e disponível para download no site da entidade.